terça-feira, 21 de abril de 2009

Autobiografia de S.M.I. - Capítulo 2

Minha vida e o progresso da Etiópia - A autobiografia de Haile Selassie I
Capítulo 2 – De minha nomeação como Dejazmatch até a morte de meu pai (1906)

Com a força de seu amor, meu pai aguardava ansiosamente pelo momento que Eu, suficientemente crescido, alcançaria o posto, e quando eu tinha 13 anos e 3 meses de idade, no dia 1 de novembro de 1905 (= 21 de Tegemt de 1898), ele me nomeou Dejazmatch na grande região chamada Gara Mul-lata. Mas, de acordo com os costumes de nosso país, esse título foi dado por tradiçao apenas. Minha idade ainda não permitia que eu julgasse em um Tribunal, ou administrasse o governo, ou reunisse o exercito em batalha; e, portanto, meu pai me deu um administrador chefe para todo o trabalho, para agir como orientador e representante, seu principal servo, o mais confiável, Fitawrari Qolatch.

No dia em que recebi o título de Dejazmatch, os oficiais de meu pai e suas tropas se reuniram e ele apresentou-os a mim no grande salão de recepção. Após isso Eu entrei na sala de reuniões onde meu pai estava, porque ele me tinha atribuído este título da Dejazmatch, Eu beijei seus pés e sentei ao seu lado. Então, os oficiais e todos os chefes do exército, tendo sido convocados mais uma vez, entraram, e quando eles estavam de pé na frente de S.A. meu pai, ele proferiu o seguinte discurso: “Todos vocês são meus servos, que engrandeci e que adoro; confio a vocês e à Deus, meu filho Tafari. Seu destino está nas mãos do Criador, mas eu o confio também a vocês para que não ocorra nada maléfico a ele.” Quando os oficiais e tropas ouviram isso, eles derramaram lagrimas, dizendo: “o fato de nosso mestre estar fazendo um discurso como este, sobre nossa confiança, parece uma despedida, como se ele soubesse que era chegada a hora de sermos separados pela morte.”

Tafari com 15 anos

Tafari com 15 anos

Enquanto eu estava contente que meu pai tinha me dado o cargo de Dejazmath. Minha alegria já se misturava com tristeza ao vê-lo fazer a seus oficiais um discurso desolador como aquele. Mas o confiança que o meu pai tinha em relação a mim quando ele me elevou a este alto grau, já vinha de longa data. Ele fez planos visando que eu tivesse uma casa separada para viver. Ele tinha dado ordem no dia da minha nomeação, para que consignassem a casa a mim, juntamente com os agentes necessários para cada tipo de trabalho.

Embora os oficiais de meu pai costumassem me tratar respeitosamente antes disso, depois, eles demonstraram um afeto ainda mais intenso, pois tinha sido nomeado Dejazmatch e morava sozinho. Embora a minha idade ainda não permitisse isso, Eu já podia, desde a minha nomeação para o posto de Dejazmatch, ficar presente e sentar-me junto, quando os grandes oficiais chegassem oficialmente ao meu pai para tratar de negócios ou para um banquete. Eu podia sentir perfeitamente a alegria de S.A. meu pai e dos oficiais quando Eu concluía alguma tarefa que minha idade permitia, quando ouvia atentamente suas histórias e conselhos, e quando Eu respondia as perguntas que me faziam.

Eu agradeço ao Criador por lembrar claramente, além, dos agentes de meu pai que até hoje me lembram histórias do passado: “Na época que você foi nomeado Dejazmatch, você costumava falar isso e aquilo; sendo perguntado sobre tal assunto, você respondia de tal maneira.”

Meu pai ficou por si só depois que sua esposa, minha mãe, Wayzaro Washimabet, faleceu, ele costumava não ter apetite recusando as refeições. E como ninguém tinha coragem de lhe dizer “é hora de comer”, Eu lhe pedia com medo – entrando em sua sala e dizendo: “é hora da refeição, então por favor diga que deseja que a comida seja trazida” – e, em seguida, ele pedia que a comida fosse trazida de uma vez, visando me alegrar. Quando Eu via ele e seus oficiais comendo, Eu sentia um grande orgulho no meu espírito repleto de juventude. E meu pai costumava me elogiar por fazer isso.

S.A. meu pai teve a grande sorte de ser amado e temido. Se alguém – não importa o quão grande fosse sua posição – fosse pego fazendo algo errado, meu pai determinaria uma punição de acordo com o grau de sua ofensa; por ele não ficar calado, passaram a temê-lo. Mas poucos dias depois, ele tentaria agradar enviando mel ou manteiga, se a pessoa fosse de alto cargo; ou uma cabra e dinheiro para comprar mel e manteiga, se fosse uma pessoa comum; na verdade, o povo o amava por isso, por não haver nada real em sua maldade de condenar um castigo. Além disso, nenhum homem é perfeito e puro diante de Deus. A partir do momento que o objetivo de meu pai era agradar Deus de todas as maneiras possíveis, ele estava determinado a ajudar com dinheiro aqueles que passavam dificuldades, orar a toda hora que tivesse afastado do governo, acalmar aqueles que sentiam falta do Imperador Menelik, ajudando a resolver os problemas de cada um dos monges dos monastérios e dos sacerdotes de cada uma das igrejas, ele estava fazendo tudo isso por sua vontade de agradar a Deus sem ser presunçoso. Ele foi um belo exemplo de boas ações.

Fonte: Jah-Rastafari.com

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